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segunda-feira, 25 de março de 2013

Como entender o ódio nos comentários on-line?

Mentiroso, idiota, simpatizante de terrorista, enganador, desgraçado, louco. Essas e outras palavras de ódio e maldições de vários calibres foram dirigidas ao correspondente do 'The Independent' no Oriente Médio Robert Fisk. Ninguém as cuspiu em sua cara - elas estavam registradas nos campos de comentários de um artigo escrito em janeiro pelo jornalista - mas a vulgaridade, o caráter abusivo e ofensivo são os mesmos, com um agravante: os ataques virtuais vêm de anônimos, perigo tão comum na cibercultura. Mas afinal, por que as pessoas manifestam tanto ódio em comentários on-line?

A chave para compreender o fenômeno parece passar sim pelo anonimato, mas não apenas por ele, de acordo com as conclusões prévias da pesquisa 'Violência em Sites de Redes Sociais', elaborada pelo Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL) da Universidade Católica de Pelotas, em parceria com o Grupo de Análise do Discurso da mesma instituição. O estudo tenta encontrar resposta para a pergunta "Por que as pessoas são tão agressivas e 'sem noção' na mídia social?", como questionou a pesquisadora do PPGL Raquel Recuero, cujas áreas de interesse são redes sociais e comunidades virtuais na internet, conversação e fluxos de informação e capital social no ciberespaço e jornalismo digital.

Em seu blog 'Ponto Mídia', Raquel explica que o objetivo da pesquisa é estudar a violência discursiva (tanto objetiva quanto subjetiva), mas especificamente a violência simbólica, e dá algumas pistas sobre os resultados. Uma das frentes do trabalho considera a face e o possível anonimato. "Nos sites de rede social não se vê a face do outro, ou o grupo que observa uma ofensa e o possível anonimato muitas vezes oferecido por essas ferramentas atua como válvula de escape para algumas agressões mais inflamadas, justamente porque o sujeito sabe que não vai sofrer sanção social se não souberem quem é ele."

Para o jornalista Samuel Barros, pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Governo Eletrônico e Democracia Digital da Universidade Federal da Bahia este é um fenômeno bastante complexo, por uma dimensão subjetiva e outra social, mas algumas variáveis básicas podem contribuir para explicá-lo, como a crença de que o anonimato da internet protege contra penalidades. "Por conta da possibilidade de publicar conteúdos sem identificação, algumas pessoas avaliam que os discursos publicados na internet não são passíveis de punições, mesmo que afete os direitos objetivos ou subjetivos de outros."

Outro ponto levantado por Raquel é a hiperconexão das redes gerada pelos sites de rede social fazendo com que grupos que não dividem os mesmos valores e hábitos tenham contato, aumentando assim a possibilidade de atrito. "Quando somos obrigados a conviver diretamente com o diferente, surge o conflito", diz.

Samuel comenta: "Em uma sociedade plural, é verdade, mas é possível viver relativamente fechado em grupos. Então, quando as pessoas se encontram na internet podem emitir discursos que julgam bem aceitos e referendados, mas que na verdade são repudiados pela opinião pública", diz. "Chamo de opinião pública aquela que é de conhecimento público, baseada em valores de respeito à pluralidade do humano que se manifesta no outro. A internet, portanto, dá visibilidade a discursos de ódio ou preconceituosos que não são entendidos em seus grupos de origem como tais."

Uma terceira hipótese é o humor, mercadoria de capital social supervalorizada nas redes. "É 'legal' ser engraçado. Entretanto, na busca desesperada por fazer humor e acumular reputação com os amigos, as pessoas esquecem dos grupos que não são tão próximos que acabam também recebendo aquela mensagem e que podem interpretá-la em um contexto diferente e se ofender", explica Raquel.

"Nos ambientes on-line de interação social a fronteira entre público e privado não é facilmente perceptível", concorda Samuel, que é mestrando no Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas da UFBA. "De modo que as pessoas imaginam estarem falando privadamente com pessoas que compartilham determinadas opiniões incivis, mas estas opiniões transbordam o limite do privado e chegam ao conhecimento público. Enfim, neste caso, as pessoas têm consciência de que o discurso é incivil, mas o emite por uma falsa impressão de que o ambiente de interação é privado."

O artigo 'Crude Comments and Concern: Online Incivility's Effect on Risk Perceptions of Emerging Technologies', publicado em fevereiro por cinco pesquisadores da Universidade Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos, revela informações de uma investigação específica sobre a influência de comentários ofensivos na maneira como as pessoas opinam sobre fatos, dados, eventos e processos sobre os quais têm pouco conhecimento. No caso da pesquisa, nanotecnologia, um tema propositalmente neutro, escolhido para evitar arroubos passionais.

O jornalista Carlos Castilho, do 'Código Aberto', blog que segundo seu autor já teve "a área de comentários bastante tumultuada durante quase dois anos por trocas de ofensas entre leitores impacientes, pouco acostumados a terem suas opiniões contestadas por outros", comentou a pesquisa da instituição norte-americana: "As conclusões mostraram que as pessoas com pouca familiaridade com novas tecnologias como a nanotecnologia tendem a valorizar mais o lado negativo do tema em questão quando os comentários postados nos textos do blog resvalaram para a baixaria e ofensas pessoais."

Carlos destaca que, segundo o estudo, "embora os comentaristas pouco civilizados sejam os responsáveis pela criação de um clima de radicalização de posições num debate on-line, a causa, o gatilho que dispara a polêmica, é a noticia ou o texto analítico original publicado num blog, rede social ou página web de referência. A pesquisa mostra que uma notícia descontextualizada, enviesada ou uma análise crítica posicionada contra alguma ideologia, projeto político, postura religiosa ou proposta partidária tende a acirrar ânimos."

Samuel acredita que ao mesmo tempo em que a internet viabiliza a associação para ações benéficas em termos democráticos e sociais, permite também a reunião e a organização de extremistas, radicais e intolerantes de todos os tipos para a produção de discursos ou, pior, de ações contra determinados atores ou identidades.

A conclusão é que compreender por que as pessoas se sentem à vontade para manifestar ódio em comentários on-line é difícil e exige uma consideração sobre a dinâmica da comunicação, as motivações psicológicas e as implicações éticas.
 

segunda-feira, 11 de março de 2013

The role of Public Engagement to educate about conscious consumption

Gilles Lipovetsky, French philosopher, refers to our current era as ‘hyper-modernity’ and characterized by the culture of excess, individualism and a way of life where all things are intense and urgent. We live in a world of contrasts, which has a billion of people starving, freshwater shortage and so much rubbish that we don´t know what to do with it. This situation is very complex and raises lots of concerns.
With the Economic growth and the resulted raise in the offer of credit, people are consuming more and, therefore, using more natural resources. But they are also more conscious about sustainability. Consumers have been changing and are now paying more attention to companies’ practices and acquiring new habits which are less aggressive to the environment. Companies are paying more attention to corporate social responsibility and are more aware of the power of the consumer, with their social media and word of mouth channels.
We know that Consumer’s purchase decision involves more than product performance, that the brand must be engaged with consumer´s preferences and overall social issues. Actually, the Sustainability element has been contributing to influence consumer´s buying decision, choosing Companies with which they identify and approve their Conduct.
I appreciate the retail market movement in Brazil for sustainability. The retail and market associations are engaging the audiences for reflection, talking about conscious consumption, corporate social responsibility and sustainability. These actions try to identify the impacts – from people and Companies – in the world and work to change the scenario. This is a big challenge for Companies – from all sectors – and they need to improve their value chain and engage other stakeholders. Besides this, they must improve their operations and business model, highlighting the importance of the subject.
The dialogue that now Companies maintain with consumers is recent and we are learning together to identify solutions. Better and broader communication leads to a successful sustainability process when it delivers relevant information, and contributes to cultural change. All strategies must be aligned to attend all stakeholders.
The stakeholders see positively the communication of sustainability practices. On the other hand, the consumer is paying attention to the initiatives announced and if they are relevant or not. Be careful!

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Vídeo: A ferramenta do ano


No mês passado, conduzi mais uma turma no curso online “Estratégias de RP para mídias sociais” e uma dúvida que surgiu bastante foi a respeito do uso de vídeos. Bom, a partir disso, pensei em fazer esse post aqui, reunindo algumas dicas e links, que julgo de utilidade para entender melhor como utilizar essa tecnologia com foco na comunicação corporativa. Dados de mercado, como poderá ver nas matérias que indico abaixo, provam a importância do uso dessa tecnologia.
O uso de vídeos para otimizar a gestão do compartilhamento de informações pode ser utilizado no contato com diferentes públicos estratégicos. Nas redes digitais, por exemplo, através da comunicação por vídeos online é possível facilitar treinamentos e a troca de conhecimentos. Isso porque o conteúdo transmitido através de vídeo se mostra mais eficiente e compreensível quando comparados ao texto.
Achei um vídeo (http://www.youtube.com/watch?v=jBAg9fT-dNE) de 2010, de um Workshop, que já defendia esse posicionamento. Já previa o avanço e a importância que ganharia na comunicação empresarial.
Links interessantes sobre o assunto:
Dados de Mercado:




TUTORIAIS:

http://valefotografico.forumeiros.com/t186-pequeno-manual-de-dicas-de-producao-captura-e-edicao-de-video

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Além do cuidar da imagem...

Não é de hoje que, eu e você, sabemos que a preocupação do RP exptrapola o cuidado com a reputação de uma empresa. Essa máxima ficou perdida em algum lugar dos anos 2000. Mas, sim, a promoção ou a conservação da imagem orgainzacional não deixou de ser o resultado final esperado do trabalho desse profissional. O que mudou, e muito, foram os desafios que nos são propostos.

Cada vez mais pregamos o envolvimento em todo o processo e não mais a participação no final dos projetos, quando decidiam que RP deveria tomar conhecimento, lapidar a informação e divulgar, sem opinar no impacto que o ali desenvolvido pode ter na imagem da empresa.

Os tempos mudaram de verdade. A direção das empresas tem percebido que existem preocupações externas, que surgiram com o desenvolvimento do mercado e fogem de seu controle, como meio ambiente, responsabilidade social, sustentabilidade, redes sociais, entre outros, que devem ser analisadas sob a ótica das relações públicas. Isso implica em envolver a atividade na tomada de decisão dos negócios da empresa.

Como agente transformador no ambiente corporativo, as relações públicas precisam criar uma linha de pensamento que contribua da melhor forma possível para a continuidade dos negócios da empresa em processos antes desconhecidos pelas RP e nem sonhados nos bancos das faculdades.

No atual momento de interatividade, em que informação tornou-se commodity, as empresas não podem se dar ao luxo de viverem situações incontroláveis. A Gestão da Comunicação mudou e as relações públicas estão ganhando amplitude, uma vez que interpretar milhões de usuários de redes sociais tornou-se informação estratégica para o desenvolvimento de novos negócios. Por isso, ele deve estar sempre presente e participar efetivamente, desde projetos de lançamento de produto, expansão fabril, até gerenciamento de crises.

O Ibope Nielsen Online, de agosto de 2011, apurou que 39,3 milhões de brasileiros participam de redes sociais, fóruns, blogs, microblogs, entre outras redes. Imagine a quantidade de mensagens por dia. Interpretar todo esse movimento é um desafio para a comunicação corporativa e exige preparo.

O consumidor, com a possibilidade de ter acesso a uma infinidade de informações, busca autenticidade. Apesar de sua aposta no ambiente virtual, a procura por relacionamentos mostra o seu cansaço com o anonimato de grandes corporações. Com isso, podemos ler que se trata da era da colaboração, eu que o consumidor deseja saber a procedência dos produtos; a qualificação do trabalho ali envolvido, entre outros.

As ferramentas de RP como conhecidas antes não geram mais a mesma experiência se comparado com o envolvimento hoje da atividade em uma empresa. Em resumo, o líder da comunicação em uma organização ganhou mais um item para se preocupar: a continuidade dos negócios da empresa.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Não há nada que não seja afetado pela internet, diz Media Lab

Joichi Ito desistiu duas vezes da faculdade, diz não se adaptar ao esquema tradicional de ensino e tem atração por coisas tão diversas quanto aulas de mergulho e tecnobrega (sim, o do Brasil).

Defende que as empresas, como faz o Google, deem tempo livre aos funcionários para que eles aprendam a pensar além de seu dia-a-dia, mas acha que não virão das megacorporações as próximas grandes sacadas.

Empreendedor, investiu no Twitter quando ele não era "trending topic"; ajudou a por de pé o portal de blogs Global Voices muito antes da Primavera Árabe; e mostra mais entusiasmo hoje com a China do que com seu Japão natal ou com os EUA, que adotou.

Desde abril, Ito, 45, zero diploma superior e energia infinita, dirige o Media Lab.
A instituição multidisciplinar, que surgiu há 26 anos no MIT (Massachusetts Institute of Technology) na vanguarda da revolução digital, hoje está na linha de frente da inovação, tecnologia, educação, urbanismo ou o que der na telha de seus pesquisadores.

A Folha conseguiu fazê-lo parar por 40 minutos, durante uma viagem de trabalho a Miami, para uma conversa via Skype. Eis a entrevista:

FOLHA - O sr. se define como um autodidata. Como foi sua educação básica?
JOICHI ITO - Eu nasci no Japão, minha primeira língua é o japonês. Me mudei para os EUA quando tinha dois anos. Até os dois primeiros anos de ensino médio estudei em escolas públicas americanas. Depois me mudei de volta para o Japão com minha mãe para o terceiro ano em uma escola internacional americana.

Fui para a Universidade Tufts estudar ciência da computação, mas larguei depois de um ano e meio. Comecei a trabalhar em um laboratório de computação, quando um professor da Universidade de Chicago me convenceu a ir para lá para estudar física. Mas eu larguei o curso, de novo, para me tornar DJ.

FOLHA - Algo no ambiente acadêmico o desagradava?
ITO - Sempre tive interesse em redes de computação e as usava na escola para tentar encontrar pessoas interessantes e dialogar com estudantes e professores. Eu já estava aprendendo um bocado por conta própria por meio dessas redes. Na escola, eu sabia mais sobre computação do que eles podiam me ensinar.

Quando fui para a universidade, aprendi mais sobre física pela internet, com os professores que eram meus amigos, do que em aulas. Eu não gostava do modelo de aulas expositivas e preferia o modelo mais interativo da internet. Eu tinha pontuações muito boas nos exames, mas tirava notas ruins porque não ia às aulas.

Comecei a maioria dos clubes extracurriculares no Japão. Um monte deles: luta, debates e coisas assim. Era bem empreendedor. No ensino médio, fui votado como o mais propenso a ter sucesso, mas minhas notas não eram muito boas.

Não acho que meu problema fosse com a escola, necessariamente. Eu tinha um tipo de personalidade particular. As crianças que se saem muito bem na educação formal, em geral, são estudantes que têm habilidade de planejar. São aqueles capazes de pensar "daqui a 20 anos estarei fazendo tal coisa". Mas a maioria das crianças não pensa as coisas tão em longo prazo. Eu não era assim quando era jovem.

Basicamente, meu problema era questionar "por que estou aprendendo isso se não sei ainda o que vou ser quando crescer?". Eu queria aprender coisas que eu pudesse usar logo em seguida.

A minha personalidade era assim e era frustrante para mim ser obrigado a aprender algo só porque era parte do plano. Eu não tinha o meu plano.

Eu sou instrutor de mergulho agora. Adoro ensinar mergulho a crianças porque tenho de ensinar vários conceitos de física, química e matemática a elas. Isso é muito legal, porque elas sabem que uma hora depois vão cair na piscina e usá-los efetivamente. E quando você aprende as coisas na piscina, já está imaginando como vai aplicá-los quando estiver no mar.
Cada porção de conhecimento que você adquire lá tem uma aplicação direta. Tudo é construído sobre algo que já está planejado, então você sempre pode dizer aos alunos para que estão aprendendo determinada coisa.

Até mesmo os estudantes mais distraídos aprendem, porque ficam concentrados nos objetivos quando são submetidos a esse tipo de aprendizado. Para a maioria das crianças, acho que essa é uma forma melhor.

É preciso ter um tipo especial de cérebro para ser capaz de pensar "estou estudando isso para que eu possa aplicar esse conhecimento daqui a dez anos". Minha irmã era assim. Uma estudante nota A, muito inteligente, e hoje com dois doutorados. Mas no Media Lab, estou tentando pensar em como estimular o pensamento criativo e o aprendizado para os outros tipos de estudante.

FOLHA - Como esse ambiente do Media Lab pode ser reproduzido em escolas e empresas para que as pessoas deem o seu melhor?
ITO - Minha crença é de que é cada vez mais difícil planejar as coisas, por causa da maneira como o mundo está. Todos os dias você lê no jornal uma notícia sobre algo que afeta o seu negócio e que você não tinha previsto. Uma coisa que todos temos de fazer é ensinar as pessoas a pensar de maneira ágil.

O tipo de ensino que temos no Media Lab é uma maneira muito boa de criar ensino rigoroso nesse ambiente dinâmico. Mas o Media Lab é um pouco extremo. Talvez não seja a melhor coisa que todos no mundo adotem a abordagem do Media Lab, mas é possível que haja versões dela para serem aplicadas.

A coisa que o Google faz, de dar 20% do tempo aos funcionários para fazerem outras coisas, foi inventada anos atrás, na 3M. A ideia de que as pessoas devem ter uma certa percentagem de seu tempo para fazer coisas sem nenhuma ligação com sua tarefa talvez seja uma maneira boa de fazê-las pensar fora do plano.

FOLHA - Não há o risco de deixar as pessoas se distraírem demais?
ITO - Se você tiver um dia por semana em que deve se dedicar a algo não planejado, você pode segmentar isso por tempo ou por recursos, mas o importante é permitir isso àqueles que queiram. Não acho que as pessoas tenham de ser forçadas a isso. Mas muitas pessoas querem ter a possibilidade de, dentro de certos parâmetros, trabalhar fora do plano.

O pior cenário é o de empresas como algumas que eu conheci no Japão. Todas as reuniões são reuniões convencionais, como a reunião semanal de administração ou a reunião mensal de contabilidade.

Eu tenho um amigo que não tem tempo em sua agenda para nenhuma reunião que não seja reuniões recorrentes pré-planejadas. São reuniões em que ele encontra sempre as mesmas pessoas. É claro que ninguém vai conseguir mudar o rumo de alguma coisa assim.

No Media Lab, em contraposição, quase tudo é extraplanejamento. Mas eu acho que mesmo um ambiente mais convencional precisa ter um pouco disso. Algumas empresas dedicam 10% do tempo a trabalhos fora de plano, algumas 15%, outras 20%.

É importante para criar um processo em que a energia das pessoas e as suas ideias possam ser executadas.

FOLHA - Isso se aplica a qualquer tipo de negócio?
ITO - Hoje todos os tipos de negócio requerem inovação. Antigamente, não era algo crucial, porque as coisas não mudavam muito. Você poderia trabalhar a vida inteira como sapateiro sem que nada no seu ofício mudasse.

Hoje, não existem mais negócios que não estejam sendo afetados de alguma maneira pela internet e pela globalização. Mudar é necessário.

FOLHA - O que as empresas e a academia podem fazer para estimular a inovação nesse contexto?
ITO - John Seely Brown escreveu um livro interessante, "The Power of Pull", para mostrar como a inovação acontece marginalmente e não é planejada de modo centralizado.
Então, acho que é mais uma questão de descobrir o que as empresas podem fazer para se tornarem plataformas mais abertas a esse processo. Isso requer mudanças na arquitetura da comunicação e da alocação de recursos, mais do que investimentos específicos em X, Y ou Z.

Quando falamos em abertura, em geral se associa isso ao licenciamento aberto, ao uso de softwares open source, ao uso de conteúdo aberto como "creative commons". Mas eu acho que esse processo também se trata de abrir suas fronteiras para a comunicação, em vez de recorrer ao departamento de relações públicas para qualquer coisa.

A indústria do videogame sabe fazer isso muito bem. Eles deixam os desenvolvedores conversarem diretamente com os clientes. Existem fóruns que reúnem jogadores e desenvolvedores trabalhando junto constantemente. Os jogadores acabam se tornando alguns dos melhores desenvolvedores e "testadores" de games.

Esse processo também tem relação com o marketing em mídias sociais, mas é importante notar que as pessoas não confiam mais em platitudes como os press releases.

Você ganha confiança quando as pessoas conseguem falar diretamente com quem está trabalhando em um problema em particular. Abertura aos acionistas e mais transparência estão conectados à ideia de transparência governamental também.

Do ponto de vista da universidade, é importante tentar mudar a imagem de um contêiner para a de uma plataforma. É isso o que tentamos fazer no Media Lab. Também tentar envolver diferentes instituições e diferentes acionistas em projetos.

FOLHA - O modelo de financiamento do Media Lab é muito particular, aliás.
ITO - Sim. Eu ainda estou tentando fazer mais mudanças para criar uma nova versão daquilo que fazemos. Eu estou deixando de usar a palavra "patrocinador" para usar a palavra "membro" e estou tentado criar uma rede em vez de manter uma relação distanciada dos patrocinadores.

Além disso, precisamos fazer mais colaborações com outras instituições. Se você olha para a maneira com que os governos financiam a inovação, você vê a maior parte do dinheiro indo para os desafios grandiosos --projetos enormes para solucionar algum problema específico em vez de verbas pequenas se multiplicando. Isso força as organizações a trabalharem mais em colaboração.

O Cern, por exemplo, possui 10 mil cientistas trabalhando em muitas coisas diferentes. Ele mostra que agrupar as coisas em torno de grandes desafios é interessante, porque apesar de o Cern ser um enorme laboratório de física, ele é extremamente interdisciplinar.

Eu tive uma conversa muito interessante com Rolf Heuer, diretor do Cern, e me dei conta de que a comunidade lá é similar à do Media Lab, porque eles tiveram que construir um grupo muito interdisciplinar para sustentar suas pesquisas. Isso é interessante porque, de certa forma, o Media Lab faz o oposto.

Nós não temos um problema que estejamos querendo solucionar, mas temos muitos processos similares aos do Cern. Então, entre as questões que são importantes para mim está a de como o Media Lab pode se envolver em projetos como os do Cern.

FOLHA - Nicholas Negroponte diz que a revolução digital já se encerrou. Qual é o próximo front?
ITO - Temos muitos. Quando Nicholas disse que a revolução digital se encerrou, acho que isso significa que uma fase importante da revolução digital, a era de conferir poder aos indivíduos, se encerrou. Agora estamos falando em coisas como participação, redes e coisas como fabricação [fabrication], medicina e educação.

Tudo isso foi tremendamente impactado pela revolução digital que ocorreu anteriormente e pela revolução das redes que ocorre agora. O que estamos fazendo é criar novas maneiras de inovar e aprender. Todas essas coisas foram causadas pela revolução digital e pela revolução da rede.

Nós estamos entrando em um mundo pós-produção em massa, onde a pesquisa e a inovação ocorrem de baixo para cima e de modo descentralizado.

O Media Lab é definido mais por um processo e uma filosofia do que por algum campo específico. O Media Lab pode se aplicar a praticamente tudo que foi afetado pela revolução digital.

FOLHA - O sr. tem algum projeto favorito no Media Lab?
ITO - Meu projeto favorito é o Media Lab em si, é tentar descobrir como criar esse ambiente chamado Media Lab. Como um investidor do mercado de capitais, eu tinha um portfólio de empresas e não imaginava que o Twitter seria aquela que iria decolar.

Alguns projetos podem parecer óbvios no começo e de repente começam a ficar interessantes. Acho importante não julgar demais a pesquisa nos estágios precoces. Se você tem alguém entusiasmado e disposto a se dedicar e a aprofundar algo, vale a pena esperar para ver.

É claro que, se tudo terminar em fracasso, é preciso reconhecer e se livrar disso logo. Eu gosto de muitas coisas aqui, claro. Adoro os trabalhos sobre aprendizagem, como o do grupo de Leah Buechley e o de Mitchel Resnick. Mas para mim todos os trabalhos são fascinantes e o projeto ao qual eu me dedico é o Media Lab como um todo.

FOLHA - Como o sr. escolhe um projeto? O que está emergindo como a próxima grande sacada?
ITO - Se você observar a minha trajetória, eu suspendi aquilo que eu chamo de pilha [stack], que é a camada técnica. Então, comecei com a rede e trabalhei com páginas de internet, busca, publicidade e agora mídia, jornalismo, política...

Escrevi um estudo chamado "Democracia emergente" em 2003 e trabalhei em muitos comitês sobre o impacto da mídia digital em democracia. O Global Voices teve um envolvimento com a Primavera Árabe. Não estava fazendo política, mas estava envolvido com política.

Agora, a próxima fase da minha vida inclui coisas como educação, arte e criatividade em um nível mais abrangente. Estou em Miami agora porque estou no painel da Fundação Knight. Estou deixando de operar organizações sem fins lucrativos para ajudar as pessoas a achar maneiras de financiar essas organizações. Talvez seja a minha idade...

FOLHA - Esse é um grande desafio.
ITO - Sim, porque há limites sobre o que você pode fazer por meio de mecanismos tradicionais de marketing e capitalismo. E também há limitações no modo com que as fundações funcionam. Existem muitos projetos importantes que temos de financiar, mas que ainda carecem de um bom modelo para tal.

Minha próxima área é tentar descobrir como incentivar as pessoas a iniciarem projetos e como encorajar outras pessoas a financiá-los. O Media Lab é interessantíssimo para mim, porque ele é um modelo interessante para financiar novas idéias.

FOLHA - Os EUA ainda são o grande centro mundial de inovação. O sr. acha que outros países podem ganhar mais destaque nesse cenário? O Brasil está adiantado em projetos de software aberto e de colaboração, por exemplo.
ITO - Acredito que o Brasil, a China e a Índia terão um impacto tremendo muito em breve. Nós teremos algumas empresas chinesas se juntado ao Media Lab em breve.

Eu sou velho o bastante para me lembrar de encontros que tive com pessoas antigas da Honda. Eles estavam no grupo que "roubou" várias idéias de Detroit e soube trabalhá-las para transformar a Honda numa líder em vez de uma seguidora.

Vejo o mesmo tipo de mentalidade hoje na China, onde há grandes empresas que estão dominando mercados depois de copiar os americanos. Eles estão começando a investir em pesquisa e desenvolvimento, agora, porque se deram conta de que já são líderes.

Então, para mim, isso tudo faz lembrar o Japão. Mas, hoje, infelizmente, diversos problemas estruturais do Japão o impedem de continuar a liderar isso. Mas com a China deve ser diferente.

FOLHA - O sr. já esteve no Brasil?
ITO - Eu vou ao Brasil em novembro como conferencista da ExpoManagement. Estive no Brasil várias vezes representando a Icann e o Creative Commons. Assim como na área do open source, há uma tremenda energia no Brasil e na América Latina.

Uma coisa ótima é que vocês não são pressionados por instituições antigas, como Hollywood e outras. Isso significa que vocês podem experimentar modelos alternativos para distribuir entretenimento e arte. No espaço do conteúdo para cultura, especialmente, o Brasil é promissor. Vocês têm um grande mercado para esporte, música.

Não sei se ainda é algo popular, mas eu andei estudando a história de coisas como o tecnobrega e a cena de música eletrônica, onde o dinheiro é gerado pelos eventos e não pelas vendas de CDs. Isso é uma coisa interessantíssima, que nunca poderia ser experimentada em lugares como o Japão, a Europa ou os Estados Unidos.

E o conteúdo é uma parte importante da tecnologia. Se você analisa a Sony, eles usam os seus negócios na área de conteúdo de maneira estrategicamente conectada a seus negócios em tecnologia.

O Brasil tem recursos naturais culturais que o permitiriam fazer isso. César Hidalgo, pesquisador chileno que é um dos nossos melhores jovens talentos, está mapeando o crescimento do poder de competitividade de diversos países. Os tipos de relação que o Media Lab pode ter com empresas e instituições brasileiras, chinesas e indianas são áreas de foco importantes para mim.

FOLHA - O que o sr. acha do SOPA?
ITO - O SOPA (Stop Online Piracy Act, projeto de lei da Câmara dos EUA contra pirataria on-line) é, obviamente, ruim. No Creative Commons, recentemente, eu estava conversando bastante com a WIPO (Organização Mundial da Propriedade Intelectual).

Nas audiências em Washington, ouvimos também a indústria fonográfica, a RIAA (associação americana das gravadoras), e a cinematográfica, a MPAA (associação americana dos produtores de cinema).

E está acontecendo algo interessante. Eles estão começando a concordar em parte conosco. Ambos estão dizendo publicamente que acham aceitável que os artistas tenham direito de escolher.

Tive muitas conversas com Cary Sherman, da RIAA. Hoje escutamos empresas mais conservadoras dizendo "a WIPO está muito liberal, então vamos adotar medidas anti-falsificações".

Não poderão contar com a MPAA e a RIAA para levar adiante essas políticas mais duras. As pessoas mais sofisticadas estão chegando à conclusão de que todos podem jogar no mesmo campo. O próprio YouTube está pagando a empresas e artistas.

O que acontece é que ainda há esses extremistas fazendo lobby para levar adiante essa proposta maluca.

Não acredito que qualquer pessoa equilibrada que tenha estudado o assunto possa concordar com essa proposta. É incrível ver quanta atração esse tipo de coisa tem.

Existe uma versão similar do projeto de lei em Hong Kong. O problema aqui é que muitas pessoas copiam os EUA. Acho que o SOPA é uma coisa muito problemática, não faz sentido e foi escrita por pessoas que não entendem o que estão fazendo.

FOLHA - Existe uma maneira de tratar essa questão sem cair em extremos? O Creative Commons seria uma?
ITO - É importante fazer com que iniciativas como o Creative Commons sejam mais integradas em produtos. A indústria do entretenimento cultiva a crença de que as pessoas são ruins por natureza. E as pessoas trabalhando com a internet acreditam que as pessoas são todas boazinhas.

Eu acredito que se você der às pessoas a oportunidade de entender o que é o copyright e de não violarem a lei, elas não o farão, desde que você dê a elas uma maneira fácil de pagar um preço justo pela música. Eu acredito que as pessoas têm respeito pelos autores.

Uma das razões pelas quais o Napster deixava as pessoas tão entusiasmadas é que ele as permitia encontrar músicas que não estavam à venda em lugar nenhum. O que muitas pessoas chamavam de pirataria era na verdade promoção.

A indústria de games começou vendendo fichas que davam direito a assentos em máquinas de fliperama. Era um negócio imobiliário. Depois começaram com videogames domésticos e o negócio passou a ser voltado para o copyright.

E depois, com a internet, começaram a se transformar mais num negócio de assinaturas. Hoje existem coisas como o machinema, que são filmes feitos com conteúdo tirado de videogames.

Produtores de videogame estão pagando amadores para fazer vídeos musicais porque o copyright não é mais o modelo de negócio deles. Então, a indústria de games conseguiu evoluir sua tecnologia ao mesmo tempo em que evoluiu seu modelo de negócio. A indústria fonográfica e a indústria cinematográfica não tiveram criatividade para conseguir evoluir dessa maneira.

Eu acho que não deveríamos estar pensando sobre como proteger o copyright, mas sim proteger a indústria de entretenimento. A preocupação com o copyright é como a preocupação em proteger o jornal de papel em vez de proteger o jornalismo. O inglês é a única língua em que a palavra papel [paper] está inserida na palavra jornal [newspaper].
Será que o importante para o jornalismo é proteger a indústria de papel? Para mim isso soa estúpido. E a noção de que o copyright é um valor que devemos preservar me soa igual.
O copyright é apenas uma ferramenta para estimular a inovação e foi eficaz em um mundo em que fazer cópias de um produto era uma parte considerável do custo de distribuição.
Precisamos proteger direitos autorais, mas precisamos criar um modelo novo para isso, no qual as pessoas paguem por acesso e por autenticidade. É um problema complicado, mas cuja solução tem mais a ver com inovação do que com controle.

Texto publicado originalmente pela Folha de S. Paulo.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Pesquisa revela quem é a nova geração de consumidores

A edição do Retail Trend 2012, o mais completo dossiê de tendências do varejo, mostra que os consumidores dessa nova década estão mais preocupados com questões de sustentabilidade: aspecto essencial à motivação de compra. Outro destaque é que a segunda geração de consumidores online é formada por jovens que, em sua maioria, estão migrando do e-commerce para o m-commerce (mobile commerce). Nos Estados Unidos, as compras com celular devem atingir a marca de US$ 8,6 bilhões em 2014. Conduzido pelo The Future Laboratory, o estudo internacional aponta o surgimento de um novo consumidor – forjado pelas crises econômicas, pelo impacto de novas tecnologias e pelo amplo questionamento sobre o consumo contemporâneo. Foi ele quem deu origem à tendências como a Rurbanism, que tem demandado dos gestores de marcas e produtos a criação de novas fórmulas de relacionamento com o mercado. O Retail Report 2012 é parte integrante do dossiê Global Trend Briefing Dossiers do LifeStyle News Network – portal internacional da The Future Laboratory que no Brasil é representado com exclusividade pela Voltage, agência produtora de insights aplicáveis ao negócio. Segundo Paulo Al-Assal – diretor-geral da Voltage –, o consumidor contemporâneo exige uma reinvenção do varejo; o que os estudiosos de tendências têm classificado como a Idade da Transformação. “Ele prestigia marcas com uma postura ética, unindo valores do passado aos avanços digitais do futuro. De modo geral, autenticidade é a palavra que mais define essa demanda”, afirma o especialista.

O estudo engloba os países integrantes dos BRICs (Brasil, Índia, Rússia e China); N-11 (Bangladesh, Egito, Indonésia, Irã, Coreia do Sul, México, Nigéria, Paquistão, Filipinas, Turquia e Vietnã); Europa e Estados Unidos.

Crise e consumo

Como era de se esperar, diante da crise que se abateu sobre os países desenvolvidos, a pesquisa revela que enquanto o consumidor europeu e norte-americano está mais cauteloso, os dos países emergentes declaram que vão gastar mais em 2011 e 2012. A pesquisa revela que na Alemanha, 72% dos consumidores afirmaram que gastarão este ano menos do que em 2010 – quadro semelhante ao da Espanha e França onde 82% e 74% dos consumidores, respectivamente, declararam a mesma intenção de reduzir gastos. Por outro lado, os consumidores de Brasil, Rússia, Índia e China revelam mais otimismo. Na Índia, de acordo com dados do India Brand Equity Foundation, até 2013 o varejo deverá faturar US$ 833 bilhões, subindo para US$ 1,3 trilhão até 2018, enquanto que na China, o crescimento será de 47% em cinco anos, chegando a US$ 2,5 trilhões em 2014. Há, também, boas perspectivas de crescimento do consumo para os países que compõem o N11.

As tendências mostram que é necessário construir formas diferenciadas de chegar ao clientes e entender de que maneira a marca é percebida pelo consumidor. “Essa percepção envolve tudo em torno do produto. Há muito a dizer, por exemplo, na forma como a mercadoria é entregue ao cliente. Algumas empresas na Europa perceberam que mesmo nas compras online, o cliente gosta de ter a experiência de retirar o produto como em uma compra convencional. Diante dessa demanda, criaram armazéns para que os compradores pudessem ter essa experiência, ou seja, entenderam que alguns consumidores não querem que a compra seja desprovida de estímulos táteis. Trata-se de uma alternância; a combinação entre os mundos online e offline”, detalha Al-Assal, acrescentando que o formato é chamado de drive-through.

Com mais informações e ferramentas online, os consumidores são mais exigentes e pesquisam muito antes de comprar. “Na Europa, por exemplo, vemos uma geração que busca conveniência de maneira ampla. Então, as marcas tendem a reduzir a gama de produtos oferecidos, focando nos essenciais – uma tentativa concreta de ser ágil e eficiente. Esse consumidor quer comprar um número reduzido de produtos que resolvam as necessidades diárias. Há o anseio por uma vida mais simples, descomplicada”, detalha o diretor da Voltage. Ainda segundo Paulo Al-Assal, o consumidor – em especial o norte-americano e europeu – está fascinado pela procedência da alimentação. “Eles querem saber de onde vem o produto alimentício adquirido e, sobretudo, a história da empresa. Alguns varejistas têm investido, inclusive, em exposições interativas e educacionais destinadas a aproximar o cliente do processo de produção”, afirma o especialista.

Nova tendência

A pesquisa também revela que o novo consumidor busca autenticidade. É nesse contexto que a tendência Rurbanism está inserida. Estreitamente relacionada com a redescoberta do convívio – uma reação avessa à onipresença da vida online e digital – a tendência revela-se na valorização dos “bastidores” do processo de produção. “Os consumidores, sobretudo europeus, estão cansados do anonimato das corporações multinacionais, ou seja, querem saber a procedência dos produtos; querem saber sobre o trabalho qualificado que está por trás dos produtos”, afirma Al-Assal. A Revolução Rurban está sendo impulsionada por uma mudança da geração do “eu” que será substituída pela geração do “nós”. Fiéis a marcas e varejistas que norteiam a atuação pela responsabilidade socioambiental, esses consumidores têm o serviço comunitário como parte do seu DNA. Alguns, inclusive, estão investindo na produção de alimentos para consumo próprio. Na esteira da tendência, redes de supermercado na Europa aumentaram a oferta de alimentos orgânicos e feitos caseiros, produzidos por cozinheiros locais.

Sem fronteira, por telefone

Por outro lado, os gestores das lojas “convencionais” devem atentar para a presença online como forma de maximizar as vendas. Uma outra vértice da questão revela que os varejos locais devem investir para ampliar a atuação por uma questão de sobrevivência do negócio. Na Europa, o varejo online deve crescer 11% em 2011 – segundo análises do Centre for Retail Research. Nos Estados Unidos, as compras online devem registrar um aumento de 10% ao ano até 2014, com faturamento de US$ 249 bilhões, o que corresponde a 8% das vendas do varejo norte-americano. O mundo está diante da segunda geração de e-compradores. Na prática, o varejo online migrou dos computadores para os smartphones. A pesquisa revela que até 2015, os consumidores de todo o mundo devem gastar cerca de US$ 119 bilhões em bens e serviços adquiridos via celular. No Japão, o m-commerce (mobile commerce) é responsável por 50% de todas as transações, de acordo com a operadora O2, principalmente pela facilidade em pesquisar preços. Nos Estados Unidos, as compras com celular devem atingir a marca de US$ 8,6 bilhões em 2014, de acordo com a ABI Research. “Na Starbucks , por exemplo, o cliente paga suas despesas pelo celular, tornando o aparelho um cartão de crédito e débito”, conta Paulo Al-Assal, acrescentando que nos Estados Unidos, 30% dos adultos usam o telefone móvel para comparar preços antes de comprar. (Texto publicado originalmente no site da Textilia)

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Cinco técnicas para produzir ideias

Manter elevado o nível de inovação dentro das corporações não é tarefa fácil. Isso porque a criatividade, seja ela individual ou coletiva, não é despertada ao acaso ­ ela precisa ser incentivada e fomentada em diferentes níveis da corporação. O conceito de ideação surge para auxiliar a criatividade e envolve o uso de métodos e técnicas para despertá-la. Mas como construir um ambiente favorável à criação de ideias dentro das corporações? Desde a associação de ideias, estruturada por Platão e Aristóteles, passando pelo brainstorming de Alex Osborn, a partir da década de 1940, ferramentas surgem para ampliar a visão e trazer novos olhares que possam ser aproveitados para remar em direção à inovação.

Rui Santo, consultor associado da TerraForum, nos dá algumas dicas sobre algumas técnicas já populares envolvendo o conceito de ideação. Para ele, “algumas técnicas podem funcionar como uma bússola de criatividade, colaborando com a produção de ideias. Entre elas, temos as mais utilizadas devido à abrangência, facilidade de compreensão e maneiras de aplicação”.

(Getty Images)
Associação de ideias: proposta no séc. IV ­ a.C, por Platão e Aristóteles. Eles sustentavam que três fatores auxiliavam na variação da corrente de pensamento ­ contiguidade, semelhança e contraste. “Na primeira fase, atenta-se para as causas que produziram o efeito. Para variar o pensamento, buscam-se situações de semelhança dentro do mesmo segmento ou onde seja possível identificar fatores comuns. Na terceira fase as ideias concentram-se no sentido contrário”, aponta Santo.

Scamper: funciona como uma listagem de tarefas cumpridas para auxiliar no desenvolvimento de ideias, para criação de novos produtos ou reformulação de itens existentes. As etapas propostas pela técnica são substituir, combinar, adaptar, modificar, utilizar de modo distinto, eliminar e reverter (que constituem o anagrama SCAMPER, em inglês). A proposta é avançar de letra em letra, registrando ideias que surjam no fim do percurso.

Brainstorming: traduzida livremente como “tempestade de ideias”, é realizada com grupos de pessoas reunidas para agrupar a maior quantidade de ideias possível, sem discriminação quanto à viabilidade, para ao final estabelecer uma análise sobre cada uma das propostas.

Mind Maps: também bastante popular hoje, especialmente na internet, é a metodologia dos “mapas mentais” (mind maps, em inglês). O sistema se propõe a organizar o processo de geração de ideias e associação, trabalhando sob o conceito de agrupamento. No centro do papel ou do diagrama, fica o tema a ser desenvolvido, reduzido a uma única palavra ou sentença. Em seu entorno, são trabalhados associações e conceitos que estejam ligados ao tema inicial.

Técnica das perguntas: como o nome sugere, propõe perguntas que levem a resolução de um problema. A mais tradicional e comum é a 5W+1H (do inglês “why, when, where, who, what and how”). Dentro desta técnica, Rui Santo desenvolveu outras duas vertentes, que colaboram para ampliação da percepção, fornecendo perspectiva mais detalhada sobre o problema. "As perguntas combinadas trazem uma sobreposição simples de perguntas, de modo a compor o cenário no qual a identificação do problema possa ser melhor apreendida. Já a técnica de criar perguntas profissionais é útil no desenvolvimento de produtos ou serviços, cujas perguntas típicas, quando identificadas, podem vir a serem atendidas pelos inovadores”, explica o consultor. (Texto publicado originalmente no site da HSM)

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Compra Coletiva: Estratégia de Venda ou Branding Experience

Tem algum tempo que estou acompanhando essa febre das Compras Coletivas. Pois bem, até agora não cheguei num consenso. Vejo pessoas do mercado, de vendas, que afirmam que essa febre é para os fracos, que não conseguem gerir suas vendas. Há quem diz que é para gerar experiência com a marca.

Bom, o “Peixe Urbano”, que foi pioneiro é um sucesso. Os outros, como o Groupon ou o ClickOn, também. Agora nos resta saber se é um sucesso também para as empresas que vendem seus serviços com descontos de no mínimo 50% na internet.

Lancei o tema recentemente em um Grupo de Discussão que participo e tive várias respostas e visões. Um dos participantes me indicou a leitura de um artigo, que de fato, expressa a melhor opinião sobre o assunto: A febre das compras coletivas – Portal Administradores.

A matéria, que traz pesquisas interessantes e mais profundas, revela que a maioria dos consumidores não retornam para pagar o valor total do serviço. E sente-se no direito de te-lo pelo preço que está sendo oferecido naquele momento. Em resumo, estão atrás de ofertas.

Esse investimento exige cuidado com a imagem e com o serviço, como atender, por exemplo, um restaurante lotado por dias, e não espantar aquele consumidor que está habituado com o seu espaço, com um serviço mais individualizado.

O despreparo do estabelecimento, de seus colaboradores, para atender a demanda pode prejudicar a ação. Nem todo mundo está preparado para esperar tanto tempo para ter o que foi pago ou, então, para ficar em fila, etc. O serviço, então, é ruim e não gera uma experiência positiva com a marca. Isso pode acontecer.

Também me foi dito que algumas empresas podem investir em ações como essa não para gerar experiência com a marca, mas, sim, para se fazer caixa. É possível ter, de uma só vez, um retorno de um ano, o que pode evitar gastos com empréstimos em um período de baixa temporada, por exemplo.

A dica que fica é: Leve em consideração seus colaboradores, que terão de estar preparados para atender a demanda da melhor forma; Não abuse da ferramenta, pois os consumidores podem não interpretar muita bem a banalização do serviço; Saiba participar, mas com lucro.